O que transforma o velho no novo bendito fruto do povo será

Talvez estejamos tendo a maior onda de ocupações de instituições de ensino da história da humanidade. Sério, não é pouca coisa. São cerca de 170 universidades e mais de 1.000 escolas em praticamente todos os estados da federação. Não é de se estranhar que as ocupações causem tantas reações adversas. Afinal de contas, vivemos tempos de polarização extrema, uma polarização que na maioria das vezes é burra, porque esconde nuances e contradições.

Por exemplo, dizer que todos que estão ocupando são petistas doutrinados é algo que para mim beira ao ridículo. As entidades estudantis como a UNE, aparelhada a anos por partidos como o PCdoB não dão conta de explicar a onda de ocupações. Não tem toda essa força. Nem mesmo o PT tem tanto moral com a gurizada. Muitas delas ocorrem a revelia das ditas entidades de representação estudantil. São autônomas, ecos de uma explosão de ideias que repercutiu em parte da juventude que se rebelou 2013.

Outra reação é natural, daqueles que veem uma subversão da escola, afinal “estudante é para estudar”. Eu vou te dizer que a escola tem sim que ser subvertida, pois em última análise toda escola é uma ferramenta de doutrinação do estado a serviço do sistema vigente. As ocupações quebram essa lógica nem que seja temporariamente, colocando os alunos no controle, tendo que lidar com todos os problemas da gestão, os debates sobre a divisão de tarefas, as estratégias politicas, os próprios rumos do país, os embates com outros alunos, pais, professores, direção e polícia. Esses debates repercutem diretamente na família, nas comunidades. Só não repercutem na imprensa, que se converteu nesse órgão oficial de propaganda do governo Temer.

Ou seja, para mim, as ocupações de escolas são as sementes dessa geração do “não tem arrego”, aquela pontinha de esperança nesse país cada vez mais emburrecido de conservadorismo e neo-fascismo disfarçado de liberalismo. Toda força para a estudantada! Viva a primavera estudantil! O que transforma o velho no novo bendito fruto do povo será!

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