Começa a Articulação da Rede Municipal de Agricultura Urbana

[Replicação Cepagro]

Lideranças comunitárias, membros de coletivos, educadores, estudantes, agrônomos, profissionais da Saúde e Assistência Social, terapeutas, empreendedores, agricultores urbanos. Tal diversidade de atores é representativa da variedade de experiências que passam a reconhecer-se e articular-se mutuamente através da Rede Municipal de Agricultura Urbana, formada durante um encontro realizado no último sábado, 8 de agosto, no Camping do Rio Vermelho. Quase 100 pessoas estiveram reunidas para a formação da Rede, que busca dar visibilidade e reconhecer  social, política e juridicamente as iniciativas de Agricultura Urbana em Florianópolis.  Dentre os principais encaminhamentos da reunião, ficou decidida a realização de um Encontro Estadual de Agricultura Urbana nos dias 26 e 27 de setembro, no Camping do Rio Vermelho.

 

“A Agricultura Urbana é mais do que buscar uma alimentação saudável. Representa uma tecnologia para concretizar uma noção de cidade sustentável, justa e saudável”, disse o médico Leandro Pereira Garcia, diretor de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, que fez a primeira explanação durante o encontro. A partir do exemplo da formação da Rede Vida no Trânsito, que congrega 35 organizações que trabalham de forma integrada para reduzir a violência na ruas e estradas florianopolitanas, ele mostrou o passo-a-passo da construção de um coletivo articulado desta maneira. As etapas envolvem a formação de parcerias, o levantamento de informações e o desenho e execução de ações integradas.

Outra rede tomada como parâmetro durante o encontro foi a Rede Ecovida de Agroecologia, apresentada pelo engenheiro agrônomo Marcos José de Abreu, coordenador do eixo urbano do Cepagro e presidente do CONSEA/SC. “Por muito tempo a Rede não tinha nem ordenamento jurídico, mas já existia o reconhecimento mútuo entre os agricultores”, afirmou. O fortalecimento desta trama não só traz suporte e apoio para os agricultores, como também subsídios para a construção de políticas públicas. “A certificação participativa é um exemplo de iniciativa autônoma dos agricultores que agora é regulamentada”, explicou Marcos, referindo-se ao reconhecimento do Sistema Participativo de Garantia na Lei 10.831, que regulamenta a produção orgânica.


A Rede Municipal de Agricultura Urbana surge após este eixo de trabalho ser desmantelado no Ministério de Desenvolvimento Social e num momento em que se discute não só a possibilidade e a necessidade de produzir alimentos dentro das cidades, mas a própria finalidade dos espaços urbanos. Questões como o acesso à terra e aos recursos naturais e a promoção da agricultura urbana como alternativa em situações de crise econômica entrelaçaram-se na fala da docente Juliana Luiz, membro do Coletivo Nacional de Agricultura Urbana. Para mostrar como a AU representa um rompimento de paradigmas e o enfrentamento de questões complexas, ela apresentou 3 experiências: a da Rede Carioca de Agricultura Urbana, da Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana e da Rede Portuguesa de Agricultura Urbana e Periurbana. “Já podemos dizer que a Agricultura Urbana é um movimento social nacional. Nossa batalha é aprofundar as relações em rede e romper com o estatuto precário da Agricultura Urbana”, disse Juliana, que considera que “já existe muito trabalho sendo feito, mas que não é reconhecido”.DSC_0116
Antes de seguir na luta por reconhecimento externo, é necessário conhecer-se mutuamente. Para que isto acontecesse de forma lúdica e ativa, os participantes do encontro compartilharam um pouco de suas experiências em uma dinâmica animada pelo biólogo André Ganzaroli Martins, da equipe do Camping. Dispostas em círculo, quase 100 pessoas tramaram a articulação da Rede utilizando um simples rolo de barbante. Mesmo com alguns nós e tensões, o objetivo era comum: a promoção da Agricultura Urbana como forma de desenvolvimento social.

Esta discussão será aprofundada durante o Encontro Estadual de Agricultura Urbana, que será realizado nos dias 26 e 27 de setembro, no Camping do Rio Vermelho. Além do amadurecimento do debate, nesse momento também serão escolhidos os delegados para participar do Encontro Nacional de AU, que será em outubro, no Rio de Janeiro.

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