A Ponta do Coral, ou Ponta do Recife, é uma área localizada no bairro Agronômica e até os anos 80 era considerada uma área de lazer para os habitantes daquele local, o Abrigo de Menores dos Maristas. Com o progresso e a planificação da cidade, num projeto de desenvolvimento urbano da região central, várias áreas verdes e chácaras foram substituídas por prédios e casas amontoadas e assim caminham as mudanças até o que vemos hoje. A avenida Beira-Mar é construída e separa a Ponta do Coral, dificultando o acesso e o usufruto desta área.
A capital de Santa Catarina, Florianópolis, é assolada por variados escândalos ambientais. Não é para menos, dotada de muitas belezas naturais estonteantes, da praticidade litorânea e do movimento da capital, sempre vieram recursos para a cidade. Assim segue o progresso, a cidade vai se modernizando cada vez mais. O interessante é pensar, será que progresso é sinônimo de descuido? Pode ser. Cegados pelos interesses lucrativos e promessas de desenvolvimento governantes e civis se deixam levar. As grandes empreendedoras (sobretudo na construção civil) não tem medo de investir, nossa cidade é lucro garantido.
Em 80, o terreno passou de dono a dono e acabou na mão de empreendedores imobiliários, que anunciaram a construção de um Hotel nesta área. Uma das poucas áreas verdes livres de construções na região central da cidade. Isso revoltou estudantes e moradores mais politizados que manifestaram pedindo a preservação daquela área, que além de ser a única, estava guardada na memória de muitos ilhéus como área de lazer. Nos anos 90, as ruínas do Abrigo foram demolidas, apesar da resistência da população e o destino da Ponta foi decidido no silêncio do esquecimento. Movimentos sociais e pedagógicos se uniram para aproveitar o potencial daquela região e conseguiram assegurar até hoje a não construção de um grande empreendimento imobiliário.
Mas não podemos nos esquecer das estratégias do capitalismo perverso, que se aproveita de tudo em busca do lucro e não se importa em apagar a memória da luta e da resistência, mesmo que isso leve anos para acontecer.
Subversão é memória também.
Assine a petição pública e faça a sua parte:
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N11057
Fontes:
http://unidadesdeconservacaodeflorianopolis.wordpress.com/app/pontas-e-costoes-rochosos/ponta-do-coral/
HAAS, Rita de Cassia Lopes. Ponta do Coral : desenvolvimento urbano e movimento ecológico. 114 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2011