Algumas coisas ficaram muito claras neste episódio, uma delas é a influência dos EUA neste golpe. Desde a deposição de Zelaya o governo Obama demonstra ambigüidade, pressionado pela direita, como pode se visto pela opinião de alguns republicanos e da mídia corporativa, por um lado Obama condena os golpistas cortando alguns auxílios econômicos mas de outro demora para classificar o ato como golpe de estado, oque implicaria na necessidade de tomar medidas mais duras contra eles. Tudo demonstra que a volta de Zelaya pegou a CIA de surpresa, depois da declaração do representante norte-americano na OEA dizendo que “a volta de Zelaya trouxe problemas, agravou a crise” isto indica que eles, assim como os golpistas, esperavam que o presidente legitimamente eleito desistisse, e esperasse exilado em algum país latino-americano as eleições em Novembro, que provavelmente não terão nenhum candidato “perigoso” como Zelaya concorrendo, dado que os principais partidos politicos Hondurenhos estão alinhados com a ditadura.
Mas sua volta complicou as coisas, pois inflamou a população hondurenha, que resiste nas ruas, fazendo com que os gorilas tenham que sair do armário para manter a ordem, rasgando a constituição que tanto “zelam” com a suspensão dos direitos civis, prisão de pessoas sem mandato e censura explicita dos meios de comunicação (com a apreenção de equipamentos inclusive, como foi feito na rádio Globo).
Em suma, vai ficar cada vez mais dificil para manterem a ordem até a eleição sem apoio internacional. E neste ponto a atuação de Lula e do governo brasileiro é decisiva e louvável, Lula fala com todas as letras “golpistas”, alerta para a inviolabilidade da embaixada brasileira, convoca reuniões da ONU e OEA e evita o linguajar ameno da nossa imprensa nas entrevistas, já que por aqui nossos democráticos veículos de comunição insistem em falar em “governo interino” e sempre dão um jeito de convocar “especialistas” para afirmar que oque aconteceu não foi um golpe de estado, e sim a mais simples aplicação da norma constitucional hondurenha.
Que a permanência de Zelaya em seu país, inflame ainda mais a população hondurenha, para que derrubem este governo ilegitimo, e mesmo que a ditadura triunfe, os golpistas podem ter certeza que esta plantada a semente de sua própria desgraça. Pois sopram ventos de mudança em toda a américa latina, na sombra da decadência do império do EUA.