Replicação de: Blog do Cadu
No dia 21 de junho deste mês, o prefeito Cesar Junior acompanhou de perto a sessão em Porto Alegre do Tribunal Regional da 4° Região que tratava sobre a irregularidade dos “Beach Clubs” de Jurerê internacional em Florianópolis.
Famosos pela luxuosidade e frequentado por pessoas de alto poder aquisitivo, estrangeiros e celebridades, os 05 empreendimentos estão localizados em áreas que ocupam terreno da União e causam danos ao meio ambiente, já que estão em cima de restinga, dunas e mangue.
A terceira turma do TRF4 suspendeu as demolições que estavam programadas até o dia 30 de junho. O processo ainda não foi encerrado, contudo, a suspensão da decisão do Juiz Marcelo Krás Borges, relacionada à demolição dos imóveis irregulares é um ação planejada e que tem apoio de empresários e políticos locais.
Tal ação nos conta muito sobre a maneira como a elite local trabalha em conluio com seus representantes políticos para privilegiarem a meia dúzia.
Os pesos e as medidas nas demolições dos empreendimentos irregulares
Assombrosamente ranchos de pescadores e empreendimentos familiares são violentamente destruídos a partir da reintegração de posse, diferentemente dos grandes empreendimentos construídos ilegal e diariamente, o silêncio das autoridades é uma regra, quando não há o envolvimento direto nas ilegalidades, como no caso que foi investigado na operação Moeda Verde ainda na administração do ex-prefeito e atual senador Dário Berger.
Tanto o rancho de pescadores artesanais de Jurerê Tradicional, quanto o saudoso bar do Chico no Campeche, demolidos a partir da ação de reintegração de posse, são provas que quando o assunto é privilégio a corda sempre arrebenta no lado mais fraco.
O prefeito de uma nota só
O atual prefeito demonstra ser sensível com a galera do andar de cima, apesar de ter concluído que é incapaz de concorrer à reeleição (ao que parece por não dar conta do recado) fez questão de comparecer na audiência do TRF4 com a nítida posição a favor dos fora da lei.
Sua atuação prova ser de uma nota só quando o assunto é especulação imobiliária, seja pela inoperância relacionada ao déficit habitacional que Florianópolis sofre e que acarreta na dificuldade dos trabalhadores ter acesso a moradia, seja por um Plano Diretor com viés autoritário e cheio de remendos para satisfazer uma parcela da população, ou ainda, quando o assunto é empreendimento de alto padrão que descaracteriza e destrói a possibilidade de uma cidade mais humana e sustentável, como foi a sua posição em relação a Ponta do Coral.
Em recente matéria no Jornal Folha de São Paulo, o prefeito foi entrevistado em Porto Alegre quando acompanhava a audiência, como era de se esperar, foi percebido pelos jornalistas em tom de festejos quando o resultado cancelava a demolição dos empreendimentos irregulares.
A mídia corporativa
Colunista político de um jornal de circulação estadual também festejou a decisão, buscando na retórica da preservação de emprego a justificativa da ilegalidade. Empregos sempre são importantes, contudo, lei é lei, seja para uns e para outros, e se os empreendimentos estivessem corretos a questão do emprego não estaria em risco, o que coloca novamente na responsabilidade dos que burlaram a lei tal problema social.
É claro que a preocupação da mídia corporativa não está sob a ótica daqueles que precisam do emprego, mas sim, dos que ganham lucros a partir de privilégios e da exploração do trabalho alheio, afinal, quem paga a publicidade dos jornais de circulação são aqueles do andar de cima.