In-Prensa

Na última sexta-feira de Setembro de 2006 testemunhou-se mais um acidente aéreo com vítimas fatais no Brasil, sendo este agora o maior neste quesito no país, 155 no total. Lamentadas as perdas, segue meu relato sobre um episódio da imprensa praticada por aqui (imprensa moderna?).

Chegando em casa por volta das 21h na sexta ligo e TV e depois de zapear um tempo paro no (canal) BandNews e fico chocado com o que olho, uma nota sobre o acidente. Depois de ouvir que dois aviões haviam se chocado, sendo que um deles – o menor dos dois – havia pousado em segurança, imaginei que estivesse tudo sobre controle, grande engano…

Momentos depois parei no canal da Bandeirantes que estava fazendo um especial sobre o acidente trazendo (??) informações atualizadas. Neste momento falava-se sobre o que (supostamente) havia ocorrido e algumas pessoas eram entrevistadas no ar para dar depoimentos, detalhes e opniões. Engraçado o quanto eles (os jornalistas) conseguem enrolar o público sem ter informação nenhuma. Em determinado momento as atenções se voltaram à aeronave pequena (o tal Legacy da Embraer).

A princípio foi especulada, mas de forma muito suave o uso desta aeronave para tráfico de drogas (coisa um pouco estranha pois quem iria investir num jato de última geração que custa 28Mi de dólares pra transportar pacotes de cocaína?), mas até aí tudo bem. De repente deu para notar uma quantidade razoável de informações especuladas da equipe de reportagem chegando ao ponto de afirmarem, mais tarde, que – por fontes seguras (duas!) – a aeronave de pequeno porte era, de fato, utilizada para tráfico de drogas e fazia voôs ilegais por aquela região.

A este ponto o cidadão em casa pensa algo como “tráfico envolvido na queda de um avião comercial, as coisas vão ficar pesadas…”. Calma! Foi só uma especulaçãozinha de um (?) maluco, ruim que ele estava falando para milhões de brasileiros naquele instante. Do outro lado temos os órgãos governamentais, responsáveis neste caso pelo levantamento de informações e a publicação delas nos diversos meios de comunicação.

O que dava para perceber neste ponto era o descaso desses dispositivos em levantar e informar A verdade ao povo. A imprensa sem estas informações começa a especular, chutando alto (as vezes até demais) pressionando indiretamente para que as informações sejam liberadas o quanto antes – afinal a imprensa vive delas – criando um clima de confronto entre esses dois lados onde o telespectador fica no meio do descaso e do sensacionalismo. Sofre mais ainda as vítimas, diretas ou indiretas, que ficam sem suporte adequado numa situação dessas.
São nesses casos que se percebe a quantidade de coisas que são distorcidas antes de chegarem ao público ou mais fácilmente omitidas, sendo liberadas aos poucos até que agradem a todos ou para desmentir alguma hipótese anterior. E depois ainda querem que acreditemos nessa democracia, na nossa liberdade!

2 comentários em “In-Prensa

  1. Se o Chacrinha tivesse vivo ele iria é apresentar telejornal, já que tão todos virando praticamente programas de auditório…

    fom fom, Vocês querem bacalhau? hahaha

  2. Eu tava assistindo tv nesse dia, e ouvi essa história de tráfico de drogas também.
    O pessoal da tv ligou para o radioamador que foi o primeiro (dizem) a avisar do acidente com o avião. Se passou muito tempo e o jornalista fazia sempre as mesmas perguntas ao radioamador, deixava ele esperando uns 5 minutos no telefone e logo repetia as perguntas. O objetivo é a audiência e não a transmissão de informação.

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