A crise só teve um recesso com o referendo que manteve Evo e os governadores da oposição no poder.
Depois disto, os oposicionistas atacaram firme com sabotagens e depredação de prédios públicos, bloqueios de estradas e as sabotagens nos dutos que levam gás para Brasil e Argentina, os governistas revidaram e o país ficou a beira de uma guerra civil.
A crise sem dúvida é interna, fruto da intensa desigualdade social entre os índios camponeses e a elite branca da meia lua, além do país ter o pior IDH da América Latina.
A elite não suporta a idéia de um indígena no poder, mesmo com uma população de maioria indígena. Algo muito semelhante com o repúdio que as classes mais abastadas tem de Lula no Brasil, mas a diferença crucial é que Lula aproveitou a estabilidade econômica do pais e abandonou suas tendencias revolucionárias em prol de uma social-democracia de conciliação de classe, foi com esse propósito que a classe média e parte da elite nacional finalmente deram sinal verde para sua eleição.
Já na Bolívia Evo Morales foi eleito para abalar as estruturas, fruto do descontentamento da população boliviana com a guerra do gás, Morales prometeu nacionalizar os recursos naturais, distribuir renda, fazer reforma agrária, fortalecer as regiões rurais e os direitos das etnias indígenas e com estas propostas foi eleito, e 67% da população do país reforçou esta idéia quando decidiu que Evo continuaria na presidência.
Estas mudanças atacaram diretamente os interesses do estado Brasileiro e de investidores internacionais no caso da ocupação da refinaria da Petrobras, e obviamente mexeu com o governo dos EUA, que até então contava com governos coniventes com as politicas conservadoras de Washington.
Aliás, a crise interna motivou o governo boliviano a expulsar o embaixador dos EUA Philip S. Goldberg, desencadeando uma reação em cadeia (expulsão do embaixador dos EUA na Venezuela e expulsão dos embaixadores da Venezuela e Bolívia nos EUA).
Para quem vê a a expulsão como uma mera retórica conspiratória de esquerda, sugiro que leiam o excelente texto do Luiz Alberto Moniz Bandeira, cientista politico, sobre a estratégia americana em andamento de “balcanizar” a Bolívia.
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